Como funcionam as cooperativas de reciclagem?
Uma das principais características do cooperativismo é ser uma ferramenta de inclusão e de transformação. Isso é perfeitamente visível quando o assunto são as cooperativas de reciclagem. O movimento tem sido responsável por mudar vidas das camadas mais pobres da nossa sociedade.
Isso significa que o recolhimento do lixo reciclável é mais que uma ação benéfica ao meio ambiente. É também um meio de sobrevivência para quem não enxergava mais nenhuma oportunidade de ter uma vida digna. Assim, as cooperativas de reciclagem possuem uma importância social significativa no país.
Conheça também nosso artigo Cooperativismo como alternativa social.
Cooperativas de reciclagem?
As cooperativas de reciclagem surgem, basicamente, da iniciativa dos moradores de rua que se tornam catadores de lixo reciclável por necessidade. Depois da coleta, eles entregam às cooperativas do setor. Por isso existe o termo cooperativas de catadores.
Os recicláveis também são oriundos da coleta seletiva que acontece em muitos municípios brasileiros. Inclusive há cooperativas de catadores que mantêm convênios com as prefeituras municipais.
O processo continua com a triagem do material entregue a essas organizações. Esse expediente visa separar o material em categorias para ser tratado e prensado. Depois, é vendido às empresas recicladoras.
A primeira cooperativa formada por catadores de materiais recicláveis do Brasil surgiu em 1989. Trata-se da Coopamare (Cooperativa de Catadores de Papel e Papelão e Materiais Reutilizáveis), nascida no Glicério, zona central da cidade de São Paulo. O movimento foi criado por um grupo de moradores de rua na época.
Atualmente, são aproximadamente 2 mil organizações de catadores espalhadas por todas as regiões do Brasil. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cerca de 332 mil empregos diretos são gerados pelo setor de reciclagem.
Por esse cenário é fácil entender a razão pela qual as cooperativas de reciclagem ajudam não só a gerar empregos e a preservar o meio ambiente, mas também a valorizar o trabalho dos catadores.
Números do lixo reciclável no Brasil
Em 2018, o Brasil gerou 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, uma média de 216.629 toneladas por dia. Desse montante, 92% (72,7 milhões) foram coletados, enquanto 6,3 milhões de toneladas ficaram sem ser recolhidos nas cidades. O cenário também aponta que 1 em cada 12 brasileiros não tem coleta regular de lixo na porta de casa.
Esses dados fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Eles estão disponíveis no site da Agência Brasil.
Já a World Wildlife Fund (WWF) divulgou um estudo em 2019 que mostra que o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. Ao todo, 11,3 toneladas são descartadas por ano. Desse total, somente 1,28% é reciclado.
O site do Instituto Cidades Inteligentes mostra que apenas 3% de todo o lixo que é recolhido no Brasil é reciclado. Chega a ser ainda mais triste saber que 30% do resíduo que é produzido poderia ser aproveitado de alguma forma. Além dos danos ao meio ambiente, essa atitude faz com que a vida útil de um aterro fique mais curta.
O motivo desse baixíssimo percentual em relação à reciclagem no país é creditado à falta de infraestrutura para que esse material seja coletado e chegue até aos recicladores. Outra razão é a falta de conscientização e educação ambiental da população quanto à necessidade de reciclar.
No entanto, a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) questiona esses números, conforme consta no site do Estadão. Baseado nos índices apontados pelo IBGE e pela FIA (Fundação Instituto de Administração), a organização afirma que o índice de reciclagem no país alcançou a marca de 26% ainda no ano de 2016.
Como separar corretamente o lixo reciclável
O primeiro passo é nunca misturar o lixo orgânico com o lixo reciclável. Em casa ou no apartamento, tenha sempre um recipiente apropriado para cada um deles. Vale frisar que os orgânicos podem ser reciclados em casa por meio da compostagem.
Para os recicláveis, atenção às dicas:
- Higienize as embalagens, latas e demais recipientes antes de descartá-los;
- Esvazie as garrafas e as lave adequadamente;
- Amasse as latas e dobre os papelões;
- Coloque a garrafas e latas tampadas para não reterem água;
- De preferência, mantenha juntos alumínio com alumínio, vidro com vidro, plástico PET com plástico PET, e assim por diante;
- Embale o material que possa oferecer risco aos catadores e outros trabalhadores;
- Não se recicla vidros, lâmpadas, pilhas, esponjas de aço e embalagem de pesticidas.
Cores das lixeiras
Para quem mora em um condomínio ou um prédio, possivelmente encontra lixeiras coloridas pela área comum. Essas lixeiras são apropriadas para receberem o lixo reciclável de acordo com sua classificação.
No geral, existem dez cores para identificar o tipo de resíduo a ser descartado. Com relação aos recicláveis, as lixeiras mais comuns são as de papel, plástico, vidro e metal. Confira toda a lista a seguir:
- Azul – papel, papelão e embalagens longa-vida;
- Vermelho – plástico;
- Verde – vidro;
- Amarelo – metal;
- Preto – madeira;
- Laranja – resíduos perigosos (como pilhas e baterias);
- Branco – resíduos de hospitais e serviço de saúde;
- Roxo – lixo radioativo;
- Marrom – lixo orgânico;
- Cinza – lixo não reciclável, contaminado ou cuja separação não é possível.
Leia também nosso artigo Cooperativismo e desenvolvimento sustentável.