Quais são os ramos do cooperativismo?
Do ano 1993 ao ano 2019, os ramos do cooperativismo se dividiam em um total de treze. Cada um classificativa a respectiva cooperativa de acordo com o segmento o qual ela atuava. Confira a lista abaixo, de acordo com a OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras):
- Cooperativas agropecuárias
- Cooperativas de consumo
- Cooperativas habitacionais
- Cooperativas de crédito
- Cooperativas educacionais
- Cooperativas de infraestrutura
- Cooperativas de mineração
- Cooperativas de produção
- Cooperativas de saúde
- Cooperativas sociais
- Cooperativas de trabalho
- Cooperativas de transporte
- Cooperativas de turismo e lazer
Porém, a partir de 2020, a OCB segmentou o cooperativismo brasileiro em sete ramos. Essa alteração tem como intuito ganhar mais poder de representação entre os três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário).
Os novos ramos do cooperativismo
A alteração dos ramos do cooperativismo também tem como um dos focos principais melhorar o atendimento do Sescoop (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo). A instituição nutre certa “dificuldade em organizar ações para ramos muito específicos e com poucas cooperativas”. A informação é da revista Mundo Coop.
Dessa maneira, a OCB chegou à seguinte classificação:
- Agropecuário
- Infraestrutura
- Consumo
- Crédito
- Transporte
- Trabalho, Produção de Bens e Serviços
- Saúde
1. Agropecuário
O ramo Agropecuário reúne cooperativas relacionadas às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola e pesqueira. Tudo começa com a fundação da primeira cooperativa agropecuária no Brasil, ainda em 1847, no Paraná. Mas foi em 1907, em Minas Gerais, que o movimento ganhou força.
Nos dias atuais, o agronegócio brasileiro gera números altíssimos, o que faz com que nosso país abrigue o maior rebanho comercial bovino do mundo. Soma-se a isso o fato de sermos um dos maiores exportadores de proteína bovina e avícola.
O plantio de grãos também tem destaque absoluto no cenário mundial. Segundo a Embrapa, o Brasil é o maior produtor de soja do planeta, deixando a segunda posição para os Estados Unidos. E se tem uma organização que contribui e muito com esses números são as cooperativas.
Não à toa, 48% de tudo o que é produzido no campo brasileiro passa, de alguma forma, por uma cooperativa, afirma o IBGE. Entre os benefícios gerados em consequência dessa atividade estão a modernização do maquinário agrícola e a geração de empregos.
Saiba mais no artigo Conheça a força das cooperativas agropecuárias no Brasil.
2. Infraestrutura
Outro ramo do cooperativismo que se destaca é o de Infraestrutura. Sua composição leva em consideração as cooperativas que prestam serviços relacionados à infraestrutura a seus cooperados. Sua história começa em 1941, no Rio Grande do Sul, mas ganha força em 1964 com a criação do Estatuto da Terra.
Entre elas podem ser citadas aquelas ligadas à distribuição e geração de energia, telecomunicação e saneamento básico. A novidade nesse novo formato foi a inclusão das cooperativas do ramo habitacional, que antes fazia parte dos treze ramos da OCB.
A importância desse segmento é poder levar infraestrutura à população que, muitas vezes, não é disponibilizada por parte dos governos. No caso de uma cooperativa habitacional, os interessados se unem para construir unidades habitacionais com parcelas mensais que cabem em seus orçamentos.
Isso se deve ao fato do programa não estar atrelado a construtoras, imobiliárias e/ou financeiras. O resultado é a chance da conquista da casa própria, que, diretamente, contribui com a diminuição de um dos problemas mais recorrentes no Brasil, a falta de moradia digna.
Esse é o conceito da Baalbek Cooperativa Habitacional, que está no mercado desde 2008 realizando sonhos de milhares de cooperados. O primeiro projeto da cooperativa se deu em 2010 na cidade de Mongaguá. Depois se estendeu para Itanhaém e Francisco Morato.
A Baalbek já entregou centenas de unidades habitacionais e o ritmo de obras segue em crescimento. Entre os projetos estão unidades individuais, condomínios e duas torres de apartamentos.
Saiba mais no artigo A importância das cooperativas de Infraestrutura para o Brasil.
3. Consumo
Esse ramo é formado por cooperativas dedicadas à compra em comum de artigos de consumo e de serviços para seus associados. Trata-se do tipo mais antigo de cooperativa, nascido na Inglaterra em 1844. No Brasil, tudo começa a partir do final do século 19 na região Sudeste.
Ao participarem desse ramo, os cooperados conseguem benefícios em suas compras coletivas. Entre eles estão a redução dos preços dos produtos e até a prioridade na aquisição de itens de qualidade. Além de supermercados, produtos de farmácias também fazem parte desse segmento.
Infelizmente, ao longo dos últimos anos, as cooperativas de consumo perderam espaço para os hipermercados. Entre as iniciativas de reformulação das organizações estão a abertura das portas para qualquer consumidor e a oferta de produtos orgânicos. Nesse caso, também ligados a produtores pertencentes a cooperativas.
4. Crédito
Trata-se de um dos mais conhecidos e organizados ramos do cooperativismo atual. As cooperativas financeiras, ou de crédito, têm caminhado a passos largos no mercado nacional. No entanto, a primeira organização brasileira desse segmento nasceu ainda em 1902, no Rio Grande do Sul.
As cooperativas de crédito disponibilizam todos os produtos que um banco tradicional entrega a seus clientes. Entre os mais importantes estão as contas concorrente e poupança, cartões de crédito e débito e caixas eletrônicos. Entenda melhor esse assunto em nosso artigo Quais as diferenças entre cooperativas financeiras e bancos?.
Por outro lado, contam com juros mais baixos, distribuição de resultados, dependem da cooperação mútua e visam o crescimento das comunidades onde atuam. Nesse ramo não há acionistas ou clientes. Todos os correntistas são donos, o que está diretamente vinculado a um dos mais importantes princípios do cooperativismo.
5. Transporte
O ramo Transporte passou por ajustes após a mudança inserida pela OCB. Agora ele é formado por cooperativas que atuam na prestação de serviços de transporte de cargas e passageiros cujos motoristas são donos dos seus próprios veículos.
Entre as modalidades estão: transporte individual (táxi e mototáxi), transporte coletivo (vans, micro-ônibus e ônibus), transporte de cargas ou moto-frete e transporte escolar.
Cooperativas não detentoras da posse dos veículos utilizados devem se enquadrar no ramo Produção de Bens e Serviços. Aquelas que atuam com transporte turístico, transfers e bugues, que antes pertenciam ao ramo Turismo e Lazer, passaram a fazer parte de Transporte. Desde que os cooperados sejam proprietários ou possuidores dos respectivos veículos.
6. Trabalho, Produção de Bens e Serviços
Trata-se da nova denominação do antigo ramo Trabalho. Está voltado para cooperativas que prestam serviços especializados a terceiros ou que produzem bens, como artesanato ou produtos oriundos de material reciclável.
Outras cooperativas pertencentes a esse segmento são as de professores e aquelas com função social, voltadas à cidadania. Soma-se ainda as dos antigos ramos de Produção, Mineração e parte do Turismo, citado no item anterior.
7. Saúde
Esse é mais um ramo que coloca o Brasil no topo do ranking do cooperativismo. Afinal, o país é o pioneiro nesse setor e conta com o maior número de cooperativas dedicadas à preservação e à promoção da saúde humana.
Sua criação se deu nos anos de 1960 no município paulista de Santos. Possui, inclusive, parcerias com os governos federal, estadual e municipal para gerar atendimento ao setor público.
As cooperativas que pertencem ao segmento são formadas por médicos, odontólogos ou profissionais ligados à área de saúde humana, enquadrados no CNAE 865. Soma-se à lista aquelas cujos usuários se reúnem para constituir um plano de saúde.
Cooperativismo no Brasil
O cooperativismo no Brasil cresce ano após ano. E a tendência é que essa curva continue a subir, pois a geração de emprego e renda para a população é uma realidade. Para se ter uma ideia, nos últimos oito anos, o número de pessoas que se uniram ao cooperativismo chegou à casa dos 62%. A geração de empregos aumentou 43%.
Os ramos mais buscados pelos brasileiros são o de Saúde, com 41%, Transporte, com 40%, Consumo, com 35%, e Crédito, com 34%. Os dados citados são da ACI e do Sistema OCB, divulgados no Anuário Brasileiro do Cooperativismo 2020 pela revista Mundo Coop.